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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Aline

Depois de um dia exaustivo, só queria ir para casa descansar. Só não pensava que aquela noite me transformaria para sempre.
Desde os 16 anos trabalhava. Precisava ajudar a minha mãe que criava sozinha eu e meus três irmãos. Meu pai nem me lembro dele. Ao nascer meu irmão caçula, o Adalberto meu pai deixou a minha mãe. Foi uma época horrível. Mal tínhamos o que comer e apesar da minha mãe nunca demonstrar, eu sabia o quanto ela sofria. Quando mais nova, ela saía para trabalhar e eu cuidava dos meus irmãos. Chegou um momento que precisei ir trabalhar também, só o dinheiro dela não dava para sobreviver.
Assim, trabalhei dando algumas faxinas e aos 16 anos, consegui um emprego numa lanchonete. Já estava lá há 3 anos. Sabia como funcionava, porém não me incomodava. Havia clientes de todas as maneiras e aprendi a lidar com todos eles.
Nessa noite, era uma quinta-feira. Atendi um cliente meio estranho. Ele ficou lá por algumas horas e só havia tomado um café. Disse a ele que se não fosse consumir mais nada, que precisava ir embora, pois tínhamos que fechar. Percebi que ele não gostou. Me olhou com uma cara de ódio, como se eu estivesse atrapalhando ele em alguma coisa, mas como todos os outros que lá passaram, ignorei, afinal este era o meu trabalho.
Quando saí, já era tarde. A noite estava escura, chovia. Não havia quase ninguém na rua. Ia a pé para casa. Andava por volta de 20 a 30 minutos para chegar na minha casa. Nesta noite senti que estava sendo seguida. Tentei apressar os passos. Meu coração batia cada vez mais acelerado. Tinha medo de olhar para trás e confirmar a minha suspeita.Não sei quanto tempo se passou, acredito que uns cinco minutos. Ao virar a esquina, ninguém na rua. Neste momento ele me pegou. Agarrou os meus braços, tampou com um pano a minha boca e me levou dali. 
Meu medo era tanto que não queria nem vê-lo, mas na hora que ele me segurou, eu soube que era ele. Ele me levou a um terreno baldio e me violentou. Foi uma mistura de sentimentos: raiva, medo, incapacidade, vontade de morrer e o mais contraditório é querer lutar pela sua vida. Não consigo descrever porque me fazer lembrar deste momento gera um sentimento péssimo em mim. Lembro o tempo todo deste dia, vivencio ele o tempo todo. Me faz mal. Preciso de ajuda. Não consigo suportar mais esta dor.

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