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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Fabiana

Eu não sei ao certo o que quero dizer. A minha vida está como um filme percorrendo à minha mente. Lembro de todos os males que me aconteceram e de todas as pessoas que o fizeram. Não consigo perdoá-los, não consigo amá-los, não consigo sentir nada por eles.
Quando criança fui abandonada pela minha mãe, meu pai arrumou outra mulher que me maltratava. Meu pai viajava constantemente a trabalho e além dos males que ela me fazia, da fome que sentia, das surras que levava, das noites trancafiadas dentro do depósito, um dia descobri que ela tinha outro homem. Este foi o pior dos meus erros. Aos nove anos fui leiloada, um homem bem velho que cheirava a gado me violentou. A partir daí foi constante. Aos treze anos eu não mais me conhecia. Não tinha prazer de nada, detestava a minha vida, tinha nojo das pessoas que me cercavam e da vida que levava. Não compreendo bem o papel do meu pai neste processo. Não sei quem ele era porque se fosse o meu pai de verdade não teria permitido que passasse por tudo isso. A minha mãe não consigo perdoá-la, penso se teria sido diferente se ela estivesse ali, penso se ela teria me protegido, mas acredito que não. Se me abandonou, se me deixou sem nada, se me fez perder quem eu era, ela nunca teria me protegido.
Pensei em muitas coisas, lembro quantas vezes dormi chorando desejando que tudo acabasse. No fim descobri que não acaba, a dor é eterna, não consigo me livrar de tantos pensamentos. Acredito que estou chegando num ponto que esta dor que sinto dentro de mim está me consumindo. Vejo e revejo a minha vida o tempo todo. Ficou impregnado em mim. Sofro o tempo todo. Sei que passaram muitos anos, sei que preciso seguir uma nova caminhada, mas está difícil. Preciso de ajuda, mas sei que neste momento eu preciso me ajudar, preciso me libertar, preciso encontrar a minha luz.

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