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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Hilda

Estive repensando sobre a minha vida: os momentos que passei, as pessoas que ajudei, a minha vida que abdiquei em prol dos outros. Não que eu esteja achando ruim, mas hoje penso, que se pudesse recomeçar teria feito algo por mim também.
No momento que tudo passei, pensei em estar fazendo o certo, mas eu poderia ter aprendido a fazer as duas coisas. Hoje percebo que em primeiro lugar devemos cuidar de nós mesmos. É essencial que possamos nos conhecer de tal maneira, a ponto de não deixar a vida ir nos levando.
Chegou um dia que não tinha mais forças, não sabia quem eu era de verdade, porque nunca fui eu mesma, a minha vida era em função da minha família, dos meus amigos e depois me dediquei a trabalhos voluntários. Amava fazer o bem.
Porém, quando envelheci passei a me sentir sozinha. Não tinha constituído família, as pessoas não me visitavam e eu fiquei debilitada por um longo período. Foi neste momento que pensei que poderia ter cuidado melhor de mim, que poderia ter feito algo por mim. Não que eu me arrependa porque não me arrependo. Não que eu não tenha gostado de tudo que fiz porque gostei de todos os momentos, não que eu quisesse que alguém cuidasse de mim da forma que cuidei dos outros. mas estar só, se sentir só e viver só é muito triste. 
Queria realmente que alguém pudesse ter sido o que eu fui, fiquei muito tempo imaginando sobre isso, mas concluí que não posso fazer que as pessoas façam o que não querem, o que não sentem. Não posso desejar ter um amor, da forma que amei à todos que fizeram parte da minha vida. É uma situação conflitante, sei que fiz o certo, sei que também errei. Acredito que podia ter pensado em viver em dois lados, duas vidas, mas não pensei na hora certa e hoje não há mais tempo.
Lamento pelo que não vivi, mas agradeço pelos que ajudei. Talvez, isso seja o motivo da vida. Talvez, esse tenha sido o motivo de ser quem eu era. Talvez essa fosse a minha essência. Creio que um dia saberei.

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