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domingo, 19 de julho de 2015

Valéria

Sempre me considerei uma pessoa correta. Nunca tive medo de nada, nem de ninguém. Resolvi investir em mim para ter uma oportunidade no trabalho. Não foi a das mais honestas, mas que culpa tenho eu? Bobo quem acha que nada nessa vida tem consequências. Inclusive eu.
O que aconteceu é que meu chefe quis se envolver comigo, achei ótimo. Não porque gostasse dele, mas porque eu sabia onde queria chegar. O problema é que as coisas saíram do controle. Num momento, consegui o que queria, no momento seguinte havia perdido tudo.
Não aceitei perder sozinha, afinal não fui eu quem havia começado tudo. A situação é que depois de fazer o Anestor perder o emprego também, ele não aguentou a pressão e cometeu um grande erro. Depois de dois meses descobri que estava grávida, não sabia o que fazer. Sem emprego, economias acabando e uma criança a caminho comecei a ficar sem opção. Voltei para a casa do meu pai. Sofri muito.
Acredito que tudo que eu fiz para ele, nesse exato momento ele me devolveu em dobro. Só que de forma negativa. Depois que Bruna nasceu, ele me expulsou de casa, não me deixou ficar com a minha filha. Comecei a enlouquecer com a ideia de perdê-la. Num ato de desespero, sabia que precisava de dinheiro rápido. Comecei a roubar. Para o momento era minha única opção. Só não esperava que o dono da loja estivesse armado. Tudo se passou muito rápido: tiroteio, correrias, sangues derramados, sirene.

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