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sábado, 23 de maio de 2015

Melissa

Tudo ocorre na hora que precisa. Sempre ouvi esta frase mas nunca acreditei. Sempre achei que o melhor seria correr atrás do que desejava e do que acreditava. Só nunca pensei que o Mauro estivesse lá, para me fazer arrepender das decisões que tomei.
Sempre fui revoltada com a vida que eu tinha. Era meio que ter que fazer as coisas certas. Eu queria mais. Era jovem, era bonita e queria divertir. Queria explorar a vida e vê o que ela me reservava. Um dia, arrumei as minhas coisas e junto com mais duas amigas, caímos no mundo.
As primeiras noites foram perfeitas, depois fomos roubadas. Perdemos a identidade, as roupas e o dinheiro. Não tínhamos como voltar para casa, afinal se voltássemos, ouviríamos algo do tipo: avisei. Não era isso que queríamos. Numa dessas idas a boite, encontrei o Mauro. Bonito, despojado e se interessara por mim. No início não dei bolas, mas agora precisava recomeçar, então decidi ir até lá. Não disse a ele sobre a minha situação. Fingi interesse, dançamos, aceitei que ele me pagasse umas bebidas e meio que tonta fui parar na cama dele.
Quando acordei não sabia ao certo o que tinha acontecido. Havia uma parte da noite que não me lembrava. Tentei levantar da cama, minha cabeça rodava. Com muito esforço fui até a porta para ver se o via, mas a maçaneta estava trancada. Tentei achar as minhas roupas, mas o quarto estava muito escuro. Sozinha, sem roupas e com frio, resolvi voltar para a cama.
Dormi não sei por quantas horas. Ao acordar com uma meia luz, percebi que Mauro estava no quarto. Não tinha muitas forças. Estava com fome e com sede. Ele me alimentou. Não sei se havia algo no que comi ou no que bebi, só sei que não me lembro do que falamos, não me lembro do que fizemos.  Não sei dizer por quanto tempo estive com ele. Não sei dizer se era dia ou se era noite. Minha vida tornou um ciclo de acordar, dormir, comer. Lembro de algumas vezes ir ao banheiro para tomar um banho ou até mesmo escovar os dentes. 
Não sei o que aconteceu com as minhas amigas, com a minha família, nem mesmo sei se alguém procurava por mim. Não me lembro da última vez que assisti uma televisão ou que ouvi uma música. Parece que uma boa parte da minha memória foi excluída na noite que saí com o Mauro e a outra parte não faz muito sentido.

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