Páginas

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Paula Viana

Eu sempre pensei na vida, como um modo de me divertir a todo momento. Realmente, assim o fiz. Nunca pensei nas consequências dos meus atos, mesmo por que para mim viver não implicava em ter consequências.
Hoje, penso em tudo que passou e percebo que eu não vivi, eu fui completamente um ser inconsequente. Fiz tudo que a maioria dos jovens, infelizmente fazem. É claro, que antes eu não via assim, mas não imaginava que os meus atos trariam consequências.
Bebi, fumei, usei drogas, abortei, tive vários relacionamentos, cheguei a prostituir, tive filho, doei e assim fui vivendo. Sem medo, sem arrependimentos, só curtia. Afinal do que vale a vida se não curtir?
E assim o fiz, por longos e longos anos. Fingia que estudava, quase não parava em emprego e passei a roubar para viver. Ou sobreviver? Sempre me achei certa. Sempre achei que as pessoas eram quadradas e que não me entendiam. Até que rompi com os que diziam ser meus amigos e é claro com os meus familiares.
Chegou um momento que adoeci. Todos estes erros, ao longo dos anos me trouxe graves consequências na saúde. Eu não tinha a quem recorrer porque nem sabia o nome completo dos meus familiares. Meus documentos??? Ah, estes se perderam com tudo que perdi na vida. Quase não sabia nem o meu próprio nome.
É nesse momento, que você pára e tem a oportunidade de querer se transformar. Você sente os erros que cometeu e pede para ter uma chance de fazer diferente. Muitos não conseguem ter esta nova chance, outros conseguem mas não levam adiante, se perdem novamente. Outros se sentem corroídos, porque percebe que o conceito de vida foi construído de uma maneira errônea. E outros...há estes nunca se dão conta.
Minha vida basicamente terminou ou recomeçou aos 19 anos. Quando cheguei ao hospital, não me reconhecia, a doença me consumia. Demorou muito para aceitar a minha nova realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário