Sonhos. Sentimento que temos para nos manterem vivos. Não sei quando perdi a capacidade de sonhar. Lembro que quando criança, pensava em minha vida na adultez. Quando cresci, tudo se transformou. Meus dias se tornaram trevas, sofri por um longo período de tempo.
Sonhava em sair cedo de casa, imaginava que teria uma liberdade que com meus pais nunca tive.
Pobre ilusão. Com isso, casei-me cedo e desfrutei de momentos de angústia, tristeza e muita melancolia. Sofri nas mãos de um doente que não me enxergava como mulher, mas como sua propriedade. Os ciúmes eram excessivos. Com o tempo, fui perdendo a minha identidade e ao longo dos anos, me tornei a pessoa que ele queria que eu fosse. Sem amor próprio, sem vida. Apenas a sua mulher, nada mais do que isso.
Não podia sair, não podia trabalhar, não podia vestir da forma que queria. Perdi contato com a minha família, pois família para ele representava apenas o nosso universo. Quando engravidei, achei que melhoraria, mas piorou. Além do controle depois que tive os meus filhos, começaram as agressões físicas. Passava dias machucada, passava dias tentando me recuperar e quando recuperava, começava tudo de novo. Querendo sair desta realidade, comecei a beber como se fosse o único meio de escapar desta vida miserável. Se ajudou? Não. Nem um pouco. A dependência me fez cometer vários erros. Comecei a negligenciar os meus filhos. Comecei a beber tudo que me fizesse sentir num novo mundo. Um mundo falso de novos sonhos.
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