Para
resguardar a identidade das mulheres quilombolas monoparentais entrevistadas e
que relataram a sua experiência, daremos o nome de Glória, Lurdes e Tereza.
Faremos um pequeno resumo sobre a história de cada uma das entrevistadas,
apresentando aqui seus pensamentos sobre sua origem, instrução, casamento,
separação e sua relação com o trabalho.
Família G
Glória,
38 anos, reside com seu filho de 20 anos. Trabalhava como servente de uma
escola, de segunda a sexta-feira. Seu filho George acaba de completar o ensino
médio e está iniciando um trabalho.
Quando
tinha 16 anos, ela estava namorando e engravidou. O pai da criança trabalhava
na plantação de cana e desde anunciado a gravidez, Glória que morava com sua
mãe, decidiu ir morar com ele.
Ela
largou na época o trabalho de doméstica e por longos anos dedicou-se ao marido
(que era muito ciumento) e a criação de seu filho.
Logo
após o filho tornar-se independente no conceito dela, ela voltou a trabalhar,
gerando grande conflito com seu companheiro. Com sentimento de posse em relação
a ela, iniciaram-se os desentendimentos que afetaram a relação entre os dois.
Apesar
de viverem por um tempo separados, ela tentou reatar o relacionamento, pois
dentro dos conceitos que ela havia aprendido: “a união entre um casal deve
durar até que a morte os separe.”
Há
dois anos, por motivos não explanados por ela, o seu cônjuge veio a falecer e
ela se encontra na condição de viúva e gestora do lar. Atualmente, retornou os
estudos e está completando a terceira série.
Família L
Lurdes,
22 anos, é chefe de família há quase três anos, desde que seu parceiro, Lauro,
com o qual morou por quatro anos, abandonou-a indo morar sozinho e aproveitar o
seu estado de solteiro. Possui um filho de 6 anos.
Lurdes
mora com seu filho em uma casa de cinco cômodos, porém, no mesmo terreno de sua
mãe.
Exerce
a função de vendedora de bombons, trabalhando em casa na parte da manhã e indo
vendê-lo na rua na parte da tarde. No momento, parou com os estudos.
Família T
Tereza
está desempregada e possui dois filhos: Tiago de 17 anos e Tadeu de 16 anos.
Reside numa casa alugada pelo seu ex marido. Tereza morou com seu esposo
durante onze anos. A separação ocorreu devido o marido envolver-se com outra
mulher, com a qual mora até os dias atuais. Vivendo como sacoleira por alguns
anos, concluiu a faculdade de direito e hoje procura por um emprego na área.
Analisando
a trajetória de vida de cada uma destas famílias, percebe-se que todas já
vivenciaram a configuração de família nuclear.
Cada
história possui a sua particularidade, porém, todas apresentam a mesma
experiência: são responsáveis pela manutenção de suas unidades domésticas.
No post de amanhã será apresentada as falas dos sujeitos da pesquisa, buscando fazer uma
transcrição literal das entrevistas.