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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Dayanne

Sempre fui uma pessoa calada. De poucos amigos e de poucas atitudes. Nunca me vi como as pessoas me viam. Sabia que era diferente. Eu me sentia assim. É estranho perceber como as pessoas nos forçam a ser quem não somos. No início, até acreditei que as pessoas estavam certas, mas com o tempo percebi que não. Viver assim, escondida, era horrível. Me sentia parte de uma outra vida. Meus pais não me entendiam, não aceitavam enxergar quem eu me tornava. Meus colegas me evitavam. Aprendi com o tempo, a fazê-los rir. Eles pareciam gostar do que eu fazia, mas por dentro, eu me sentia uma verdadeira palhaça. Daquele tipo que precisa de uma plateia para prosseguir.
Com o tempo, não tive outra opção, a não ser sair de casa. Precisava respirar. Precisava ter um lugar onde me sentia bem. Nunca consegui realmente me sentir bem. Tem coisas que a gente não escolhe. A vida acaba nos impondo peças difíceis de resolver.Trabalhar nossos sentimentos. Impôr nossos desejos, mostrar quem somos, fazer nossas escolhas, lutar para ser aceita,..., são muitos os caminhos e eu não sabia a força que tinha.
Comecei a conviver com pessoas iguais a mim, que passavam pelos mesmos problemas. Não falávamos dos nossos conflitos internos, fingíamos ser felizes e por um tempo até acreditamos que éramos. O pior de tudo que passei, foi o preconceito. Esse, eu não conseguia driblar. Alguns fingiam que me aceitavam, outros realmente não aceitavam. Me sentia a própria aberração. Imagino se as pessoas não tem sentimentos? Eu tenho sentimentos. E lidar com tanta rejeição não é fácil. Tem que ter muito preparo e bastante atitude e isso eu não tinha.
Um dia, percebi que não tinha mais nada. Na realidade, nunca tive. Meus familiares não queriam saber de mim. Não tinha ninguém na minha vida que realmente me amava como eu era. Acredito que nem eu. É muita dor. É muita solidão. Estar com muitos e não ter ninguém. Que sentimento horrível.

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