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sábado, 7 de novembro de 2015

Famílias Monoparentais Femininas

Desde o período colonial, observamos que a historiografia mascarava a realidade brasileira através do conceito de família patriarcal que predominava como o modelo a ser seguido pela sociedade.
Na história brasileira, não podendo deixar de incluir a própria história de São Mateus, o aumento da chefia familiar feminina se deu inclusive na época da escravidão. As separações das famílias escravas davam-se por diversos motivos, entre eles: venda de um de seus membros, migração da figura masculina em busca de trabalho, guerras e até mesmo morte.
Com o decorrer da história, a mulher precisou sair do contexto familiar para ir à busca de trabalho para garantir o provimento de suas necessidades básicas tais como: alimentação, vestuário, moradia.
Neste contexto a mulher passou a desempenhar sozinha vários papéis entre eles: educar seus filhos, prover seu lar, trabalhar fora, pagar as contas da casa e inclusive os afazeres domésticos.

Famílias Quilombolas Mateenses:
Conta Aguiar (2001) que Zacimba Gaba foi uma princesa da nação africana, que passou a viver na Casa Grande. Lá, foi humilhada, castigada, surrada e violentada pelo seu dono. Anos se passaram e Zacimba foi se tornando uma mulher madura e preparando sua alma de guerreira.
Zacimba preparou sua liberdade, envenenando o fazendeiro até a sua morte. Em seguida ela criou um quilombo onde ela comandava as lutas que se travavam pela libertação de seu povo. (...)”e aquela princesa, que parecia frágil, incorporava, definitivamente, a figura de uma guerreira” (pág.21). (...)“ Assim liderou seu povo contra as atrocidades e possuída por uma coragem singular, terminou a vida de lutas heroicamente, como um raio na escuridão”. (pág.22)
Os quilombos funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais que abrigavam escravos fugidos das senzalas. Hoje, há cerca de 1500 famílias negras rurais, reunidas em 20 comunidades remanescentes na região Sapê do Norte (entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus) organizadas para garantir o direito à propriedade da terra.
Quando se pensa nestas comunidades quilombolas, à imagem que nos vem à cabeça são de grupos isolados, negros, vivendo numa comunidade rural distante dos centros urbanos e com dificuldade de acesso ao transporte, ao trabalho, aos serviços educacionais e hospitalares.
Muitas destas famílias remanescentes, migraram para os centros urbanos em busca de condições melhores de vida aos integrantes da sua família. Outros, devido as dificuldades financeiras, o homem saiu para trabalhar na cidade, deixando a mulher tomando conta do lar e dos seus filhos. Com o tempo, estes homens não retornaram. Ficaram na cidade e constituíram uma nova família.

Estas mulheres se viram no meio do nada, sem uma forma de sobreviver e com filhos nos braços foram à luta. Cada uma destas mulheres, considero uma Zacimba: não desistiram, foram fortes, guerreiras, souberam agir na hora que precisava e da forma que puderam, criaram a sua família. 

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