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sábado, 18 de abril de 2015

Célia

3 de março. 14:00 horas. Esse foi o dia e a hora que percebi que não dava mais. Meu casamento já não existia. Nos últimos quatro anos, minha vida transformara. Passei da felicidade para a infelicidade em questão de segundos. Quem eu queria enganar? Simplesmente aquele momento era o fim de algo que nem sei ao certo se chegou a existir.
De qualquer forma Luciano não aceitava a minha ida. Já havia arrumado as malas e já estava próxima da porta para sair quando subitamente ele entrou. Na hora nem me dei conta do por que dele estar em casa naquele horário. Meu susto foi tão grande que fiquei sem ação.
De início ele também assustara. Há alguns meses já havia mencionado que o nosso relacionamento acabara e que haveria um dia que ele iria chegar em casa e não mais me encontraria. Ele riu. Com certeza achou que estava blefando, mas ali naquele momento sua fisionomia mudara. Parecia que aquele homem que estava a minha frente não era o mesmo com quem havia casado.
Quando dei por mim e pela situação que me encontrava, tentei me manter firme. Disse para ele que estava indo embora. Ao tentar pegar a minha mala, ele se colocou na frente e disse que dali eu não saía. Que eu era a mulher dele e devia isso a ele. Tentei mostrar que nosso casamento já havia acabado e que eu só estava dando o próximo passo.
Ele não me ouvia, só me perguntava quem era a pessoa que eu estava ficando. Levei um grande susto. – Você está doido? Que pessoa é essa? Só estou te deixando porque não dá mais. Acabou.
Tentei me desviar do seu corpo para chegar até a mala. Mas ele me pegou em seus braços e chorando me implorava para ficar. Nunca imaginara que passaria por uma situação dessas. Nesse momento entrei em conflito. Comecei a me perguntar se estava tomando a decisão certa. Acho que ele percebeu a minha insegurança e que a sua fala estava surtindo efeito sobre mim.
A forma que ele se encontrava me assustou profundamente. Ele tinha um domínio sobre mim que eu não imaginava. Lembro que uma de suas falas foi: - mulher minha não me larga, casamos até que a morte nos separe. Esta frase caiu sobre mim de tal forma que comecei a chorar. Só chorava. Por um breve minuto, percebi que ele tinha razão. 

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