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terça-feira, 21 de abril de 2015

Vilma

Sei que muitas estórias são contadas o tempo todo e sei que meu relato vai deixar de ser a minha estória para constar na estatística.
Não me lembro de um único dia que não tenha sofrido agressão. Fui agredida a minha infância pela minha madrasta e pelas minhas meias-irmãs. Minha mãe morreu quando eu tinha 2 anos. Não se passaram nem seis meses de sua morte, o meu pai já estava com esta mulher que se passava por minha mãe má.
Ela nunca gostou de mim e não gostava dos carinhos que meu pai me fazia. Desde os meus sete anos ela fez de tudo para o meu pai me colocar no internato, porém não conseguiu. Hoje, acredito que se tivesse ido a minha vida teria sido outra. Porém na época gostei de saber que o meu pai me queria por perto.
Desde quando ela mudou para a nossa casa com suas filhas, minha vida transformou-se num inferno. Meu pai trabalhava muito e quase não estava em casa. Nesse ínterim ela me batia, me deixava sem comida e me deixava trancada a maior parte do tempo. Sempre me ameaçou. Dizia que se eu contasse alguma coisa para o meu pai, ela destruiria a minha vida e a dele. Com medo, me calei.
Vivia doente, quase não tinha colegas e nunca saía de casa. Passava dias sem ver a luz do sol. Foi crescendo uma raiva tão grande dentro de mim que em alguns anos eu já não me reconhecia mais. Estava amarga, infeliz e odiava a situação que fui colocada. Devido a minha constante doença por falta de tudo que me era privado, nunca fui à escola. 
Meu pai tentou colocar uma professora em casa para me ensinar, mas a madrasta má sempre dava um jeito delas não retornarem e colocava a culpa no fato deu ser uma garota geniosa e de maus comportamentos. Meu pai, depois de muitas tentativas frustradas desistiu. Num determinado tempo ele passou a acreditar na garota que esta mulher me transformara. O que se passou dentro de mim, neste período que se sucedeu foi fazer com que cada uma destas pessoas sentissem na pele o mal que me fizeram. Desejei isso com tanta força e com tanta vontade que num dia em que acordei e me senti liberta comecei a colocar em prática as minhas convicções. Nada me detinha.

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