Páginas

terça-feira, 28 de abril de 2015

Bruna

Sempre fui uma pessoa sensata até que a minha vida deu uma guinada. Eu não me lembro muito bem do dia que realmente tudo mudou, mas mudou e eu realmente me transformei. Eu tinha uma amiga chamada Valentina, ela era bonita e em qualquer lugar que ela passava chamava a atenção. Ela sempre se vestiu bem, fazia parte dela ser assim. Quando estávamos acabando o ensino médio, ouve uma festa de pré despedida na casa de um colega.
Fomos. Como é normal (não que seja certo) numa festa de jovens havia bebida, música e muitas paqueras. É como se estivéssemos largando a juventude e nos tornando adultos. Já era altas horas e eu estava cansada, procurei pela Valentina para irmos embora mas não a encontrei. Talvez ela já estivesse ido. Fui para casa, depois saberia o ocorrido.
Havia passado poucas horas da hora que dormi. Porém, minha mãe entrara no quarto preocupada. Os pais da Valentina queriam saber notícias dela. Eu disse que não sabia, que não a tinha visto. Minha mãe saiu do quarto e eu não consegui mais dormir.
O que teria acontecido? Resolvi ir para a casa dos pais dela para ajudar no que fosse possível. Passaram-se horas e nada. Ninguém a vira. Quando deu 24 horas do seu desaparecimento a polícia já havia sido chamada. Nos dias que se seguiram passamos por interrogatórios, refizemos o caminho diversas vezes, fomos nos lugares que ela mais gostava e nada.
O fato é que anos se passaram e ela nunca foi encontrada. Até hoje sinto uma culpa que me corrói por ter ido embora naquele dia e não ter procurado por ela mais tempo. A vida da gente se transforma e a gente nem se dá conta. 
Tentei levar a vida como se nada tivesse acontecido, mas é impossível. Acordo várias vezes a noite como se Valentina quisesse me falar algo, sonho com ela constantemente e já me peguei várias vezes indo até uma pessoa, achando que fosse ela.
Imagino se ela está viva, se está bem ou se está sofrendo. Imagino se ela já morreu. Se sofreu e quem a matou. São muitos questionamentos sem respostas. Os anos passaram, as investigações foram encerradas e eu continuo me sentindo culpada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário