Sempre segui a minha intuição. Quando
colocava uma coisa na cabeça não havia ninguém que pudesse tirar. Há uns dois
anos que tenho certeza que o meu vizinho Adamastor não é uma pessoa de
confiança. Toda vez que o vejo, arrepio e sinto que há algo de errado com ele. Comentei
com algumas pessoas e eles só o enxergavam como o cara legal, o vizinho
prestativo. Sempre achavam que eu estava colocando “caraminholas” onde não
existia.
De fato neste tempo todo nunca
havia visto nada que pudesse incrimá-lo até que numa tarde, algo realmente me
incomodou. Vi uma garota entrar na casa dele, ela deveria ter uns 19 anos. Fiquei
vigiando para ver o que ia acontecer. Não a vi sair, não ouvi nenhuma
discussão, nenhum tiro, nada. Mas os dias foram passando e nada daquela garota.
Por mais que você goste de ir à
casa de alguém, uma hora você tem que sair. Existem outras necessidades que são
realizadas no mundo externo. Numa tarde em que o Adamastor saiu de sua casa,
resolvi dar uma espiada para ver se encontrava algo. Rodei a casa toda, olhei
pelas janelas, entrei no seu quintal e nada. Resolvi como que de costume abrir
a maçaneta e parecia algo de filme, mas estava aberta. Não pensei duas vezes,
entrei.
A casa dele me dava mais arrepios
do que ele propriamente dito. Era escura, tinha um ar de mistério e era sem
vida. Não havia cor, não havia luz, não havia vida. Sabia que tinha pouco tempo
e comecei a chamar pela garota, era meio que: - tem alguém aí? Nada. Nenhum barulho.
Vi uma porta que dava para o porão. Ela estava trancada. Tentei de tudo para abri-la
mas não consegui. Não sei quanto tempo demorei, mas acabei me perdendo no
tempo.
O que não pude perceber é que
nesse momento Adamastor chegara. Quando me virei ele estava atrás de mim. Me olhava
de forma tão furiosa que senti medo. Não tive tempo para me explicar. Ele deu
uma paulada na minha cabeça e eu desacordei naquele momento. Ali comecei a
pagar pela minha curiosidade. Só me lembro de ter pensado que a minha intuição
não havia falhado.
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