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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Cristiana

Sempre segui a minha intuição. Quando colocava uma coisa na cabeça não havia ninguém que pudesse tirar. Há uns dois anos que tenho certeza que o meu vizinho Adamastor não é uma pessoa de confiança. Toda vez que o vejo, arrepio e sinto que há algo de errado com ele. Comentei com algumas pessoas e eles só o enxergavam como o cara legal, o vizinho prestativo. Sempre achavam que eu estava colocando “caraminholas” onde não existia.
De fato neste tempo todo nunca havia visto nada que pudesse incrimá-lo até que numa tarde, algo realmente me incomodou. Vi uma garota entrar na casa dele, ela deveria ter uns 19 anos. Fiquei vigiando para ver o que ia acontecer. Não a vi sair, não ouvi nenhuma discussão, nenhum tiro, nada. Mas os dias foram passando e nada daquela garota.
Por mais que você goste de ir à casa de alguém, uma hora você tem que sair. Existem outras necessidades que são realizadas no mundo externo. Numa tarde em que o Adamastor saiu de sua casa, resolvi dar uma espiada para ver se encontrava algo. Rodei a casa toda, olhei pelas janelas, entrei no seu quintal e nada. Resolvi como que de costume abrir a maçaneta e parecia algo de filme, mas estava aberta. Não pensei duas vezes, entrei.
A casa dele me dava mais arrepios do que ele propriamente dito. Era escura, tinha um ar de mistério e era sem vida. Não havia cor, não havia luz, não havia vida. Sabia que tinha pouco tempo e comecei a chamar pela garota, era meio que: - tem alguém aí? Nada. Nenhum barulho. Vi uma porta que dava para o porão. Ela estava trancada. Tentei de tudo para abri-la mas não consegui. Não sei quanto tempo demorei, mas acabei me perdendo no tempo.

O que não pude perceber é que nesse momento Adamastor chegara. Quando me virei ele estava atrás de mim. Me olhava de forma tão furiosa que senti medo. Não tive tempo para me explicar. Ele deu uma paulada na minha cabeça e eu desacordei naquele momento. Ali comecei a pagar pela minha curiosidade. Só me lembro de ter pensado que a minha intuição não havia falhado.

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