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terça-feira, 7 de abril de 2015

Fernanda Mara

Eu não sei quanto tempo faz que penso nas mesmas coisas. Fico tentando imaginar onde tudo deu errado e não chego a nenhuma conclusão. Uma parte de mim diz que foi por amar demais, outra parte acha que a gente já nasce predestinado a algumas situações.
Quando me casei, eu tinha 26 anos. Havia terminado os estudos e amava o trabalho que eu tinha. Só pensava em crescer cada vez mais e nada podia me impedir. Acredito que o que me fez casar foi conhecer o meu marido dentro da empresa que eu trabalhava, como compartilhávamos tudo juntos, nada impedia de dividir uma casa também. E assim aconteceu. Depois de dois anos de idas e vindas acabamos nos casando.
Quase não tínhamos tempo de respirar. Viajávamos a trabalho e nos fins de semana, estávamos tão cansados que ficávamos mais em casa, só curtindo. É engraçado imaginar o quanto éramos iguais. O que aconteceu depois de algum tempo é que acabei engravidando. Não fazia parte dos meus planos, acredito que nem do Luís. Por isso, nem o comuniquei. Resolvi tomar as minhas próprias decisões.
Pensei por alguns dias se estava certa da minha decisão. Mas na nossa vida não encaixava uma terceira pessoa. Meu trabalho me consumia e o pouco tempo que tinha, ter uma criança, não fazia parte dos meus planos. Tentei algumas receitas caseiras que sempre ouvi as pessoas próximas de mim mencionarem, mas não deu certo. Então, tomei uma atitude mais drástica.
Depois de alguns contatos, já estava marcado. No dia 23 de fevereiro resolveria o meu problema. Quase não dormia esperando este dia chegar. Minha taxa de concentração estava abaixo de zero. Neste dia por sorte do destino, Luís havia viajado para uma reunião de negócios. Na hora marcada estava de frente para o portão sendo atendida por uma secretária que me conduziu até uma sala onde o médico já me aguardava.
Lembro que ele fez muitas perguntas ao meu respeito: trabalho, casamento, saúde e se realmente eu estava certa do que queria. Vendo que eu não ia abrir mão da minha decisão, ele me explicou como seria o procedimento e o que eu teria que fazer pós cirurgia. Quais os riscos que envolvia e as complicações que eventualmente ocorriam. Vi que no relógio já se aproximava das 11h30 e o que eu mais desejava era que tudo acabasse.
Entramos para a sala de cirurgia, meu coração acelerara. Com a anestesia, não me lembro de mais nada, só aguardava para que tudo chegasse no fim.

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