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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Cecília

Escrevo para contar um pouco sobre a minha vida. Sou Cecília e nasci numa casa rodeada de tudo que o dinheiro pode comprar, só não comprava o que eu mais queria da minha família que era me sentir amada por eles. Eu realmente queria que pelo menos uma vez eu pudesse receber uma atenção verdadeira. Mas isso nunca foi possível.
O que sei que numa das viagens que eu sempre fazia, conheci Daniel. Nessa época eu já estava com meus 19 anos e cursava arquitetura na faculdade. Nossa amizade era verdadeira: conversávamos sobre tudo, saíamos juntos, viajávamos, éramos eternos confidentes. Quando ele começou a namorar pensei que abalaria a nossa união, mas ela se manteve. Um certo dia, ele resolveu me apresentar um colega de trabalho, o Josuel e foi aí que minha vida começou a mudar.
Me apaixonei no primeiro momento. Parecia que ele me conhecia há anos e nossos gostos eram iguais. Em dois anos, já estávamos casados. No nosso primeiro ano de casados, foi ótimo. Uma paixão que não acabava mais. Não conseguíamos ficar um minuto longe um do outro, mas com o tempo, comecei a perceber que o nosso relacionamento esfriava.
Conversei com Daniel sobre o que sentia, comecei a achar que o meu marido já não me queria mais, talvez, tinha arrumado uma outra pessoa. Daniel me acalmou como ele sempre fazia e me prometeu descobrir o que estava acontecendo. Numa noite de chuva, estava sozinha em casa. Ligava para o celular do Josuel e ele não atendia. Comecei a sentir uma solidão insuportável. Liguei para Daniel aos prantos e pedi que ele fosse a minha casa. Em quinze minutos ele já estava na porta da minha casa.
Quando abri ele viu o meu estado. Não estava nada bem. Chorando, embriagada e não falando nada de forma sensata, ele achou que o melhor que devia fazer era me colocar na cama para dormir. Pedi que ele ficasse ali e não me deixasse sozinha. Adormeci. Quando acordei já era de manhã e ao virar, vi que Josuel dormia ao meu lado. Achei melhor nem perguntar onde ele estava na noite anterior.
Passados dois meses, sentia enjoo o dia inteiro. Comecei a acreditar que poderia ser uma gravidez. Fui ao médico e a resposta se confirmava. Estava muito feliz, filho era tudo que eu queria. Liguei para o Daniel contando sobre a criança que estava vindo. Ele não se aguentou de tanta felicidade. Fui logo dizendo: você sabe quem será o padrinho não é?
Quando desliguei lembrei que tinha que dar a notícia a Josuel. Aguardei ele chegar em casa para contar. Não o senti com o mesmo entusiasmo. Os meses foram passando e preparava tudo sozinha para o nascimento de Carolina. Quem me acompanhava ao médico era o Daniel que como sempre não me abandonava. Quando Carolina nasceu, Josuel chegou no quarto e me perguntou de quem era a criança. Assustei. Achei que estava brincando. Ao ver a seriedade que ele se encontrava, percebi que ele não estava para brincadeiras. – Como assim, de quem é a criança? E completei é claro que é nossa. Ele passou os olhos sobre ela e com toda frieza disse que não parecia nada com ele.

Quando voltei para casa, não havia praticamente mais nada lá. Parecia que entrava numa casa pronta para ser alugada ou vendida. Não havia nenhum mobiliário dentro de casa. Fui percorrendo toda a casa com Carolina no colo e tudo permanecia do mesmo jeito, sem nada. Quando abri a porta do meu quarto a mesma constatação. Nada. Eu não acreditava. Josuel havia ido embora de casa e me deixava sem nada. Ele havia me roubado tudo, inclusive a minha vida.

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